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Asperger: Falta de interação e sociabilidade

A síndrome de Asperger é considerada um tipo leve de autismo e vem chamando a atenção de especialistas nos últimos anos. A organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que cerca de 1% da população possui algum traço de autismo. Em Portugal, mais de 40 mil crianças e jovens foram diagnosticadas com a síndrome de Asperger. No Brasil, não existem registros específicos sobre o assunto. Entretanto, especialistas reconhecem um crescente número de portadores do transtorno.

“Há três anos não ouvíamos falar de pessoas com síndrome de Asperger. Atualmente, atendo nove pacientes“, enumera a psicóloga Clarissa Leão. Para o neuropediatra Lucivan Miranda, a síndrome tem ganhado mais atenção de especialistas e da sociedade. “O transtorno ficou escondido por muito tempo, mas a partir da década de 90 ganhou uma atenção maior. A síndrome de Asperger sempre existiu e sempre existirá. Eu penso que ela está apenas ganhando mais visibilidade e as pessoas acabam buscando o diagnóstico“, acrescenta Miranda. Ele relata que semanalmente faz o diagnóstico de um portador da síndrome. “Semanas atrás, um pai trouxe o filho com suspeita da síndrome. Após a avaliação, percebi que tanto o filho quanto o pai tinham Asperger“, comenta.

A síndrome de Asperger provoca inúmeras perguntas e boa parte delas ainda estão sem respostas. As causas ainda são desconhecidas. Pesquisas apontam para uma herança genética, mas ainda não foi definido que alterações biológicas poderiam provocá-la. Outra explicação seria o trauma no parto.

Conhecida desde a década de 40, o diagnóstico preciso e seguro é dado após consultas com equipes multidisciplinares, envolvendo neuropediatras, psiquiatras e psicólogos. “O diagnóstico é totalmente clínico. Não existem exames complementares, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética“, atesta Miranda.

Diferente do autismo clássico, não há traços de retardo ou atraso de desenvolvimento de linguagem ou cognitivo. O transtorno se caracteriza pelos distúrbios em interações sociais e atividades e interesses restritos. “A falta de socialização é o mais marcante. A criança não tem amigos, não interage“, pontua Miranda.

Há também a dificuldade na identificação e no entendimento de expressões faciais emocionais & o que dificulta a interação de forma empática. “Quem tem síndrome de Asperger não se dá conta da receptividade do outro durante a conversa. Ele perde as pistas não-verbais que damos, como entonação e emoção, que expomos quando estamos gostando ou não do assunto“, relata o psicólogo Alexandre Costa e Silva.

Outra característica é a fala rebuscada e mecanizada. “O discurso não é autêntico, não parece uma produção própria da criança, mas uma cópia de algo que ela já viu em algum filme ou dicionário“, acrescenta Leão. A fixação por uma determinada temática e talentos inexplicáveis também chamam a atenção. O portador de Asperger costuma se envolver a tal ponto em determinado assunto que acaba tornando-se um especialista.

Pais
Essa capacidade de aprendizagem seletiva acaba confundindo pais e professores. “Certos pais resistem em aceitar o diagnóstico porque pensam: poxa, meu filho é tão inteligente, não pode ter autismo“, ressalta a psicóloga. Por isso, entender a doença e procurar tratamento o quanto antes é o melhor caminho.

Uma opção de tratamento seria o trabalho de pscicomotricidade relacional. Como a maior necessidade do paciente com Asperger é relacional, ele deve aprender a lidar com o outro. “Criando estratégias de socialização a partir de situações corriqueiras. Só que para aprender, o portador tem que estar exposto“, diz Leão.

O certo é que no tratamento não existe regra fixa ou prazos, o que se sabe é que quanto mais cedo o diagnóstico, mas chances de obter resultados satisfatórios. Segundo os especialistas, o relacionamento é aprendido. No início, pode ser mecânico, mas depois pode chegar a ser espontâneo. E os ganhos são surpreendentes. (Viviane Gonçalves) .

Fonte:
www.noolhar.com

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