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Autismo e alimentação

Autismo e alimentação

Alimentação no tratamento de autismo

O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo dr. Léo Kanner e Hans Asperger como um distúrbio do desenvolvimento humano e hoje, apesar de 6 décadas de pesquisas intensas essa doença ainda é considerada um desafio para a ciência.

Ele é considerado uma síndrome caracterizada por transtornos qualitativos e quantitativos de interação social, comunicação e uso da imaginação. Os sintomas surgem nos primeiros 36 meses de vida. *Em média 60 a 65% dos autistas sofrem de retardo mental e 15 a 30% de convulsões.

Hoje o autismo é nomeado como “síndrome do espectro autista” porque o quadro clínico é muito variado, existem autistas com elevado grau de desenvolvimento intelectual e sociabilidade e outros que apresentam um quadro severo de retardo mental e insociabilidade.

O autista não interage com outras pessoas, ele pode entrar em uma sala com várias crianças e não brincar com elas. Muitos são resistentes à mudança de rotina. Existem relatos de autistas que não reconheceram o caminho para escola porque o pai mudou o percurso ou não queriam ir para a aula porque a camiseta do uniforme tinha mudado de cor. Eles não mantêm o contato visual, usam as pessoas como ferramenta para conseguirem o que querem. Apresentam risos e movimentos inapropriados, modo e comportamento arredio, giram objetos de forma bizarra e peculiar, não demonstram medo de perigos reais, agem como se fossem surdos e resistem ao contato físico.

Esta síndrome não apresenta sintomas clínicos. Quando você olha para um autista sua aparência é de uma pessoa normal. Somente quando se observa o seu comportamento percebe-se que ele é diferente. Para o diagnóstico, é imprescindível que os profissionais envolvidos sejam treinados e capacitados, pois é baseado em avaliação clínica.

Essa síndrome pode ocorrer em qualquer família, não escolhe raça ou classe social. A prevalência mundial é de *15-20 autistas para cada 10.000 habitantes. Nos Estados Unidos *dados de 2008, mostram uma incidência maior, ou seja, de 1 em cada 150 crianças, com tendências a aumentar esse número. O sexo masculino é mais afetado cerca de 3 homens para cada mulher, embora ainda não se tenha uma explicação científica para isso. O número de novos casos diagnosticados aumenta em média 3,8% ao ano, isso se deve ao maior número de diagnósticos de casos leves. Antigamente pouco se sabia sobre a doença, por isso apenas casos mais severos eram identificados.

O único dado oficial do Brasil revela a existência 600.000 autistas, mas estima-se que existe pelo menos um milhão de casos não diagnosticados. O ano passado o Ministério da Saúde iniciou uma pesquisa para levantar a real prevalência no país.

A causa do autismo ainda é desconhecida existe uma associação entre fatores genéticos e ambientais.

Os fatores genéticos estão relacionados a alterações neurológicas, mas até o momento não existe nada definido de forma conclusiva.

O fator ambiental está ligado às condições pré e pós-natal como a ocorrência de rubéola durante a gravidez, baixo peso ao nascer, complicação durante o parto e dificuldade respiratória.

Para que se tenha um bom prognóstico com relação ao tratamento, é preciso que seja realizado um diagnóstico precoce. Um diagnóstico seguro pode ser realizado antes da criança completar dois anos de idade, desde que alguns aspectos clinicos não sejam desprezados. As crianças autistas normalmente têm histórico de infecções e alto consumo de antibióticos nos primeiros anos de vida. As fezes podem ter aparência mucosa, e de coloração variante, entre amarelo, esverdeado e avermelhado, e podem ter odor de mofo com intensa flatulencia (gases). Apresentam sinais caracteristicos de alergias, como olheras, olhos inchados, cilhos compridos. Embora se alimentem bem podem apresentar aspecto de subnutrição. Frequentemente apresentam abdomen distendido, e inchado, com intensa movimentação visceral. Apresentam mau hálito. Podem apresentar regressões no desenvolvimento, após uso de vacinas. Mais de 60% das crianças autistas têm pais com histórico de propensão a doenças alérgicas, incluindo asma e alergias de pele.

O autismo não tem cura. O tratamento deve envolver uma equipe multidisciplinar e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida através do controle dos sintomas comportamentais e condicionamento do indivíduo à vida social respeitando suas limitações. Devido às incertezas sobre sua causa existem várias propostas de tratamento.

Tradicionalmente as linhas comumente adotadas são: tratamento farmacológico onde a prescrição medicamentosa atua sobre os sintomas e a intervenção psicopedagógico que consiste em terapia fundamentada em associação, rotina e aprendizado.

Em conjunto com esstes tratamentos outros podem ser integrados como a psicoterapia, fonoaudiologia, musicoterapia e equoterapia.

Alimentação no tratamento de autismo

No tratamento do autismo a alimentação tem um papel fundamental. Alguns alimentos podem intensificar os sintomas como a farinha de trigo, o leite e a soja. Quando eles são retirados da dieta os autistas geralmente ficam mais calmos e ocorre melhora da atenção e concentração.Isso ocorre porque grande parte dos autistas apresentam uma deficiência enzimática que inibe a digestão completa da proteína presente na soja, leite e trigo. Essa condição leva à formação de
grande quantidade de pequenos peptídeos (fraguimentos de proteína) dentro do intestino. Esses peptídeos possuem ação farmacológica semelhante ao ópio. Esses compostos apresentam a capacidade de atravessar a parede do intestino, cair na corrente sanguínea e chegar ao Sistema Nervoso Central. Atuam como uma substância opiácia no cérebro intensificando os sintomas da síndrome, como a falta de concentração e isolamento.

Os salgadinhos, sucos em pó artificial e gelatina são muito ricos em corantes. Hoje se sabe que os corantes estimulam a hiperatividade, por essa razão devem ser banidos da dieta dos autistas.

A ocorrência de sintomas gástricos é muito elevada em autistas, como constipação intestinal, (intestino preso), diarreia, gastrite, refluxo.

Para normalizar o funcionamento do intestino recomenda-se o uso de probióticos em cápsula. No caso de gastrite e refluxo evitar alimentos que irritam o estômago como: temperos industrializados, extrato de tomate, café, chá preto, alimentos fritos e alimentos ácidos como laranja, limão e abacaxi.

A suplementação com cápsulas de ômega três melhora a concentração e aprendizado.

Os autistas têm uma um hábito alimentar restrito, e são muito resistentes à introdução de novos alimentos na dieta. Mesmo com essas limitações procure estimular o consumo da maior variedade de alimentos para evitar deficiências nutricionais como a falta de vitamina e minerais.

As peças fundamentais para o sucesso do tratamento do autismo é o amor, a dedicação e acima de tudo compreensão de todas as pessoas que o cercam.

Procurem pelo menos, uma única vez, se colocarem no lugar de um autista. Façam o exercício que a pesquisadora francesa Happé sempre pede para os ouvintes de suas palestras fazerem! Se coloquem no lugar deles! Imagine estar em um país distante, em uma cultura desconhecida, sem compreender o idioma, com as mãos atadas, sem entender os outros e sem a possibilidade de se fazer entender.

Esta é a sensação que o autista tem do mundo em que vive! Por isso quando vir um autista, se por algum motivo ele fizer algo que foge à sua compreensão não se esqueça! Ele age assim porque não compreende o que está à sua volta. “Um autista se definiu como um ser extraterrestre que cai no planeta Terra sem manual.”. Pense nisso!
Mais informações: www.jocelemsalgado.com.br*www.autism.comartigo científico: WHITE, J.F. Intestinal Pathophysiology in Autism.Exp Bio Med. v.228, p. 639-649, 2003.

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