Autismo e TID - Relação à terminologia
De acordo com o DSM-IV-TR (Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders, Fourth Edition) e o CID 10 (Classificação Internacional das Doenças, 10th edição), o termo transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) (pervasive developmental disorder) compreende um amplo
espectro de transtornos do desenvolvimento caracterizados
pela presença de distúrbios do comportamento do início da vida com diferentes graus de gravidade e de déficits associados, que têm em comum diminuição ou perda das habilidades sociais, da comunicação, da imaginação e do comportamento e a presença de interesses repetitivos e restritos (Tabela 1)(1). Portanto há, segundo o DSM-IV e o CID-10, o comprometimento de três domínios: social, comunicação e comportamento.
Há uma certa confusão, na literatura, em relação à
terminologia – autismo e TID. O termo autismo diz res-
peito ao autismo clássico, um dos transtornos mais graves
do espectro dos TID. Deve-se enfatizar que o termo TID
se aplica a todo o espectro do autismo e não significa
autismo leve ou descarta autismo(1-4).
- No autismo clássico, o paciente apresenta pelo menos
seis dos doze itens envolvendo os três domínios de comportamento
que caracterizam o espectro autista, detectados antes dos 3 anos de idade(1). É importante salientar que o desempenho intelectual comprometido não exclui o diagnóstico, uma vez que aproximadamente 70% dos pacientes pode apresentar deficiência mental(1,4).
Nos transtorno desintegrativos, Portanto, nomeado por alguns como regressão autística(5,6), os pacientes são previamente normais, com desenvolvimento neuropsicomotor e linguagem normais, que não apresentam doença degenerativa, e que a partir dos 2 aos 10 anos iniciam um processo de regressão que afeta tanto a linguagem, quanto a cognição e sociabilidade e se tornam autistas
Na síndrome de Asperger, o paciente apresenta várias características autísticas que não preenchem os critérios para autismo clássico, linguagem normal e desempenho intelectual dentro dos níveis médios ou superiores.
- Os pacientes Portanto, que não preenchem critérios para autismo clássico ou síndrome de Asperger, apresentam TID não classificável. Autismo latu senso pode, ainda, estar associado a doenças geneticamente determinadas, como esclerose tuberosa, síndrome de Rett, síndrome de X-frágil, Angelman, entre outras(1,3,9-11).
Aproximadamente 10 a 20% das crianças com TID
apresentam epilepsia clínica ou subclínica (crises eletrográficas,
na ausência de crises clínicas detectáveis)(1).
A importância da epilepsia
Portanto, A importância da epilepsia e das descargas epileptiformes no TID ainda não foi elucidada. Alguns autores por exemplopostulam que possa haver uma relação entre as anormalidades eletrencefalográficas/crises epilépticas, e o autismo, no grupo que sofre regressão progressiva e global do desenvolvimento(5,6,12), em analogia ao que é observado na síndrome
de Landau-Kleffner (SLK).
- Este subgrupo Portanto, que apresenta prevalência elevada de anormalidades eletrencefalográficas, com ou sem crises epilépticas clínicas, é denominado por alguns como crianças com regressão epileptiforme
autística.
- Autores
Kette Dualibi R. Valente*, Rosa Maria F. Valério**
Instituto e Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP