Hiperlexia em um caso de autismo
O caso em questão trata de uma criança com diagnóstico de autismo e hiperlexia associada. Em 1943, Kanner observou esse fenômeno ao descrever e definir o autismo. Posteriormente, em 1967, Silberberg e Silberberg cunharam o termo “hiperlexia” para descrever crianças que liam em níveis superiores ao esperado para sua idade, apesar da comunicação oral desordenada.
Após décadas de pesquisa, três características da hiperlexia emergiram: presença de desordem do desenvolvimento da comunicação, mais comum nas doenças do espectro do autismo (Healy et al., 1982);
aquisição da habilidade da leitura antes dos 5 anos sem instrução explícita (Nation, 1999); relativa habilidade para o reconhecimento avançado das palavras para a idade mental (Temple et al., 2001; Welsh et al., 1987).
A verdadeira prevalência para a hiperlexia não é totalmente disponível, mas um estudo encontrou a prevalência de 2,2/10.000 para esse transtorno na população geral (Yeargin-Allsopp et al., 2003).
O primeiro passo a ser dado diante desses casos seria a diferenciação com o transtorno de Asperger. Segundo o DSM-IV-TR, o autismo apresenta-se com anormalidades significativas nas áreas de interação social, linguagem e brincadeiras, enquanto, no transtorno de Asperger, as habilidades cognitivas e lingüísticas não sofrem significativo atraso.
No autismo, as atividades e os interesses são restritos, repetitivos e estereotipados.